Atento à atual dinâmica dos negócios realizados entre produtores rurais, agentes intermediários e instituições financeiras, o Banco Central do Brasil (BACEN), por meio da Resolução nº 4.631 - 22/02/2018, passou a permitir a contratação de agente (que atuará como intermediário no fluxo de negócios e cadastramento de produtores) nas operações definidas pelo Sistema Nacional de Crédito Rural. Pode ser o início de uma revolução na distribuição de insumos já que o setor, antes voltado para mediar vendas, com margens apertadas, vai caminhando para uma financeirização (transações e serviços para o mercado financeiro), criando aproximação com o mercado de capitais e bancário.
Provas disso são as operações de troca (barter), a integração de operações estruturadas, como Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio, e, recentemente, um movimento de aquisições por fundos de investimento em participações. Investir na ‘bancabilidade’ (governança operacional de risco) dessas empresas parece tornar-se uma questão de sobrevivência para o segmento. Considerando a destinação do crédito rural oficial, a alternativa objetiva facilitar o crédito aos produtores pela via de agentes mais próximos ao produtor. Estrategicamente, ninguém melhor que os distribuidores de insumos para preencher o espaço, pois já operam rotineiramente na concessão de crédito comercial via venda de insumos a prazos longos. Na questão operacional, a Resolução surge como oportunidade para as distribuidoras agregarem o serviço de agenciamento de crédito ao seu portfólio de serviços. Os distribuidores com boa qualidade gerencial e suas filiais poderiam representar mais de duas mil unidades de negócio como agentes em operações de mais de R$ 30 bilhões.
Logo, é possível afirmar que se trata de uma regulamentação vital para facilitar a obtenção de crédito, além de ampliar as instituições financeiras que atuam no Sistema Nacional de Crédito Rural. Um dos objetivos do BACEN é permitir maior capilaridade operacional, para bancos de menor porte, que não estão na zona rural. Promovendo competitividade entre os bancos de menor tradição, mais negócios, mais crédito e taxas de juros menores.
Hoje, o crescimento do setor é dependente do crédito subsidiado pelo Tesouro Nacional, especialmente aos pequenos produtores. Mas, se a taxa de juros SELIC continuar em queda, a subvenção começará a diminuir e a oferta de outras linhas vai crescer. Mais de 1.500 distribuidores de insumos podem hoje prestar um bom serviço para o setor bancário, oferecendo assistência técnica e financeira em crédito e seguros, além de melhorar o seu fluxo de caixa, com mais pagamentos à vista. E os produtores também ganham, com captação de recursos em um horizonte de duas safras.
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